sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

De Dentro do Armário


Nasci assim! Não foi necessário incentivos ou ameaça para tornar-me a pessoa que sou hoje. Apenas vejo o mundo dessa forma e tenho desejos diferentes dos desejos da minha natureza, do tradicional.

Alguns falam que é falta de um relacionamento aprofundado com os pais. Outros dizem que se trata de herança genética ou, até mesmo, que são entidades das trevas. Eu vejo como a realização do meu eu. A verdade exposta, escandalizando a quem é mais antiquado.

Meu pai ainda não sabe. É muito difícil tratar desse assunto com um homem que sonhou em ver você casado e cheio de filhos. Aquele homem que nos rotula como "o garanhão" das garotas e, como presente de aniversário, dá-nos uma bola de futebol.

E a mãe? Sempre sabe? No meu caso, sim. Poderia enganar a todas, menos a ela. Aquela que me conhece mesmo quando eu não digo uma palavra e que percebe no meu olhar algo diferente. Algo que iguala-se ao medo da rejeição, da destituição de amor, dos sonhos tradicionais destruídos.

Se não é fácil pra eu me aceitar, como espero que seja fácil para os outros? Mas o que adianta viver uma vida de mentiras? Prefiro a morte a ser aquilo que as pessoas querem. Tenho que ser eu mesmo. EU! Independente das consequências, tenho de pensar em mim. E as coisas, futuramente, talvez não sejam tão ruim assim. O mundo está verdadeiramente mais moderno e compreensível, ou as pessoas apenas fingem ser assim para depois nos julgar da forma mais cruel possível?

Outro dia vi na tv um rapaz (ogro, ignorante) dizer que somente os gays pegam AIDS. Então é isso? Os homossexuais são símbolos de doençãs e promiscuidade? Essa é a sociedade que diz aceitar as diferenças alheias e respeitar as opções dos outros? Há cada dia minha decisão torna-se mais complicada por notícias desse gênero.

Não sei como isso começou. Como disse, nasci assim. Na escola as garotas não chamavam minha atenção. Os garotos pareciam mais interessantes. Já relutei, já indaguei todos os deuses pra encontrar uma resposta de o porquê de eu ser assim, mas nada. Encontro somente o carma. O carma de ser assim e não mudar nunca. Caso contrário, não seria mais eu, seria a mentira. Seria o modelo que a sociedade impões que exista. Não, não seria eu...

Minha esperança é de que, um dia, tudo possa se normalizar. Um dia em que um beijo entre dois homens em uma telenovela não seja assunto pra ser debatido no Ministério Público. Um dia em que duas pessoas que se amam possam andar livremente pelas ruas de qualquer cidadesem serem agredidos. Um dia em que haja conscientização e que gays não sejam vistos como a escória ou vítimas de preconceito... Um dia. Que dia?

Enquanto isso, mantenho a porta do armário fechada!

4 comentários:

  1. Poxa amigo, tu sabe q já virei teu fã? Adoro seus textos. Mandou muito bem! Abraço.

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  2. Adorei o texto, querido! :)
    Mas se você o postou, quer dizer que a porta já está aberta, não?
    Também espero que, um dia, e de preferência logo, o princípio da isonomia, garantido na Constituição, saia do papel. O amor é lindo, independentemente da forma como ele se dá. Ah! E mãe sempre sabe mesmo rsrs. xD

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  3. Adorei muito esse texto.
    acredito que n importa a forma de amar, mais sim o amor que se sente, pois todas as maneiras de amar e de ser amado são validas desde q seja verdadero.

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  4. Atras daquele rapaz que eu conheci realmente há uma pessoa que merece ser compreendida e amada.

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